São Paulo. No horizonte, o sol começa a recolher-se. A temperatura começa a cair e as pessoas a correr. Uma corrida para chegar o quanto antes no metrô; ônibus ou apenas para evitar o inevitável – trânsito. Dentre vários pontos da cidade, talvez, o melhor para se identificar o comportamento de seus habitantes seja o metrô.
Há 35 anos em funcionamento a ligação Leste – Oeste, ou, linha três vermelha é hoje a mais movimentada entre todo o sistema de trens. E é nela em que começamos a nossa viagem rotineira pela capital. Embarcamos na estação Carrão; sentido Palmeiras Barra Funda; tranquilo, sem empurra-empurra ou briga por lugar. Situação complemente oposta ao que ocorre no sentido Corinthians – Itaquera. Lá, o cidadão paulistano vive por alguns longos minutos como uma sardinha. Newton, por exemplo, se fosse usuário do metrô paulista teria pensando duas vezes quando disse que dois corpos não ocupam o mesmo espaço.
Já dentro do vagão, o clima corriqueiramente é o mesmo: Pessoas caladas, com expressão cansada. Dificilmente encontra-se alguém sorrindo ou feliz por estar ali. Alguns buscam na leitura o seu passatempo, outros, preferem o celular como companheiro de viagem. O grande campeão de entretenimento é o fone de ouvido. Com eles, vivemos o nosso mundo, por alguns minutos até esquecemos que estamos ali.
É o que acontece com dois jovens, aparentemente cada um com 18 anos. São amigos, mas não se falam. Cada um segue o trajeto com o seu fone; sua música. Mas com uma sincronização quase que perfeita, os dois movimentam os seus corpos, balançando suas cabeças e, por alguns instantes, demonstram que, para eles ali nada mais era que um grande show, onde dançavam tranquilamente em um espaço reduzido.
Ao longo do caminho o vagão que era vazio fica cheio. O sol já é apenas um ponto laranja no horizonte e a temperatura vai caindo. A vantagem da linha vermelha é que boa parte do seu trajeto é feito na superfície, isso nos possibilita uma visão de como está lá fora. O transito já ganhou à cidade, tudo parado – Essa é a rotina do cidadão paulistano. Chegando ao Brás o trem para... Mas volta segundos depois. A senhora que ao meu lado olha para cima e agradece por não ter demorado. Seguimos viagem.
“Próxima estação Sé, transferência para a linha 1 azul do metrô”. A frase que todos queriam escutar, a movimentação começa. O espaço – que ficou reduzido ao longo do trajeto – começa a ser disputado. Cada centímetro ganho é quase que uma vitória. O trem vai parando e é como se um juiz falasse na cabeça das pessoas: Preparar, apontar... Vai! A porta se abriu e o formigueiro ganha vida, corpo. A maioria sai correndo para as escadas, desce, empurra e tenta chegar antes do pelotão que a segue. Eu costumo dizer que a estação Sé é onde o filho chora e a mãe não vê. Ali, não existem regras de cordialidade. Todo mundo só pensa em chegar à plataforma de embarque.
Se no começo da nossa viagem sobre os trilhos que ligam São Paulo a entrada no vagão foi tranquila, aqui, na Sé, tudo muda. Espera um, dois, três... Quem sabe no quarto trem de para embarcar.
Eu, como um mero usuário entre centenas de miliares, sigo sempre para o mesmo lugar, a última porta de embarque. Lá, é verdade, é onde toda a viagem começa a perder clima tenso e ganha um toque especial. O motivo: 1,70 cm de altura, aparentemente 19 anos; morena; bochechas levemente rosada e um jeitinho encantador. Não sei o seu nome, suponho que seja Mariana – gosto dele. Nunca conversamos ou, se quer, trocamos meias palavras. Mas de algum jeito sua presença ali me faz esquecer todo o aperto do momento. As estações que antes demoravam, agora voam como um pássaro rumo à liberdade. Já na estação Ana Rosa, é hora de descer.
Tudo começa outra vez, abram-se às portas, as formiguinhas saem e entram. E é assim, rotineiramente, como o ciclo do metrô, que a São Paulo passa de tarde para noite. Seguindo sua rotina de transito, estresse e quem sabe, amor.
Há 35 anos em funcionamento a ligação Leste – Oeste, ou, linha três vermelha é hoje a mais movimentada entre todo o sistema de trens. E é nela em que começamos a nossa viagem rotineira pela capital. Embarcamos na estação Carrão; sentido Palmeiras Barra Funda; tranquilo, sem empurra-empurra ou briga por lugar. Situação complemente oposta ao que ocorre no sentido Corinthians – Itaquera. Lá, o cidadão paulistano vive por alguns longos minutos como uma sardinha. Newton, por exemplo, se fosse usuário do metrô paulista teria pensando duas vezes quando disse que dois corpos não ocupam o mesmo espaço.
![]() |
| Foto: Felipe Higino |
É o que acontece com dois jovens, aparentemente cada um com 18 anos. São amigos, mas não se falam. Cada um segue o trajeto com o seu fone; sua música. Mas com uma sincronização quase que perfeita, os dois movimentam os seus corpos, balançando suas cabeças e, por alguns instantes, demonstram que, para eles ali nada mais era que um grande show, onde dançavam tranquilamente em um espaço reduzido.
Ao longo do caminho o vagão que era vazio fica cheio. O sol já é apenas um ponto laranja no horizonte e a temperatura vai caindo. A vantagem da linha vermelha é que boa parte do seu trajeto é feito na superfície, isso nos possibilita uma visão de como está lá fora. O transito já ganhou à cidade, tudo parado – Essa é a rotina do cidadão paulistano. Chegando ao Brás o trem para... Mas volta segundos depois. A senhora que ao meu lado olha para cima e agradece por não ter demorado. Seguimos viagem.
“Próxima estação Sé, transferência para a linha 1 azul do metrô”. A frase que todos queriam escutar, a movimentação começa. O espaço – que ficou reduzido ao longo do trajeto – começa a ser disputado. Cada centímetro ganho é quase que uma vitória. O trem vai parando e é como se um juiz falasse na cabeça das pessoas: Preparar, apontar... Vai! A porta se abriu e o formigueiro ganha vida, corpo. A maioria sai correndo para as escadas, desce, empurra e tenta chegar antes do pelotão que a segue. Eu costumo dizer que a estação Sé é onde o filho chora e a mãe não vê. Ali, não existem regras de cordialidade. Todo mundo só pensa em chegar à plataforma de embarque.
Se no começo da nossa viagem sobre os trilhos que ligam São Paulo a entrada no vagão foi tranquila, aqui, na Sé, tudo muda. Espera um, dois, três... Quem sabe no quarto trem de para embarcar.
Eu, como um mero usuário entre centenas de miliares, sigo sempre para o mesmo lugar, a última porta de embarque. Lá, é verdade, é onde toda a viagem começa a perder clima tenso e ganha um toque especial. O motivo: 1,70 cm de altura, aparentemente 19 anos; morena; bochechas levemente rosada e um jeitinho encantador. Não sei o seu nome, suponho que seja Mariana – gosto dele. Nunca conversamos ou, se quer, trocamos meias palavras. Mas de algum jeito sua presença ali me faz esquecer todo o aperto do momento. As estações que antes demoravam, agora voam como um pássaro rumo à liberdade. Já na estação Ana Rosa, é hora de descer.
Tudo começa outra vez, abram-se às portas, as formiguinhas saem e entram. E é assim, rotineiramente, como o ciclo do metrô, que a São Paulo passa de tarde para noite. Seguindo sua rotina de transito, estresse e quem sabe, amor.

Lembro muito bem dessa história. Ela foi uma das motivadoras para eu criar meu blog! Parabéns, sou seu fã!
ResponderExcluir- Malandro