sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Boa noite, vizinhança. Prometemos despedirmos-nos. Sem dizer "adeus" jamais

Foi pouco antes de começar a prova que recebi a triste notícia da morte de Roberto Gómez Bolaños. Na hora, pensei que fosse só mais um boato desses de internet, afinal, Chaves já foi morto tantas vezes, por que agora seria diferente? Mas foi. E por algum motivo, demorei em acreditar em tudo aquilo.

Confesso que não me lembro da última vez que parei no SBT para assistir novamente algum episódio de Chaves ou Chapolin – coisas dessa tal vida adulta em que somos obrigados a conviver –, mesmo assim também não abandonei o meu amigo que morava no 8 e, as vezes, gostava de entrar em um barril na vila. E também não irei abandona-lo agora, pois Roberto nos deixou, mas seus personagens serão eternos. O humor inocente que ele nos brindou por anos seguirá intocável, por gerações e mais gerações.

O Chapolin também irá nos proteger de Tripas Secas, Quase Nada e Poucas Trancas que a vinda irá nos apresentar e impor. Mesmo de longe, ele seguirá nos defendendo. E se as coisas piorarem, em caso de doença, ora, é só chamar o Dr. Chapatin, que com o seu
saquinho, tem o dom de curar qualquer doença – menos a morte. Que o nosso Chavinho tenha sido recebido em sua nova vila, o céu, com muitos sanduiches de presunto e sucos de tamarindos e zaz zaz e zaz e zaz.

Dentre tantas coisas postadas na internet, a única em que eu não consigo concordar é com aquela que dizem: preferia ter ido no enterro do Pelé. Chaves foi o Pelé da televisão, senão fosse, não estaria há anos alegrando nossas tardes com os seus mesmos episódios, as mesmas piadas e o mesmo humor que amamos.

Gostaria de ter escrito esse pequeno texto com sua voz na televisão, mas não consegui, confesso mais uma vez. Mas vou usar o nome do filme para poder definir o que Roberto Bolanõs representa em minha vida: O Brilho Eterno de uma Mente Brilhante. Chaves, Chapolin e Dr. Chapatin, meus sinceros agradecimentos por todos esses anos que nos divertimos juntos. E Roberto, sua obra entrou para eternidade. Qualquer dia nos encontraremos, mas enquanto isso, é melhor seguir o conselho do Jaime, o carteiro, e descansar para evitar a fadiga. 

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Obrigado, jornalismo

Assim como toda criança eu já sonhei em ser jogador de futebol. No entanto, o mundo da bola não me aceitou, talvez por não ter alegria nas pernas de um camisa 10, não sei. Tentei então o gol, deu certo até os 12 anos, de lá para cá, larguei a carreira de boleiro, pendurei minhas chuteiras precocemente. O sonho de vestir a camisa da lusa então chegara ao fim.

Sem o futebol, decidi então que era hora de estudar e ser um grande empresário, só assim para buscar a minha felicidade em carros, casas e todos esses luxos. O sonho seguiu até o meu primeiro vestibular, lá em 2010. Não passei, mudei a escolha. Na época o vídeo-game era algo corriqueiramente presente em minha vida, logo, vou estudar isso e desenvolver os meus jogos. Fiz vestibular e, novamente não entrei – felizmente.

Após três tentativas frustradas acabei deixando o sonho de fazer  faculdade de lado, talvez não fosse hora para isso. Meus pais me incentivaram a buscar uma nova carreira, mesmo que demorasse um pouco mais do que o esperado. Lá para 2012 surgiu a oportunidade de conviver mais com o jornalismo, mas relutei, ora, nunca gostei de ler tampouco escrever, não daria certo. Meses depois vi uma pequena entrevista que havia feito em um sábado ensolarado no Canindé ser publicada na Globo.com. Essa foi a minha primeira vitória na profissão que eu começava a escolher.

A escolha pelo curso acadêmico não demorou a acontecer, tempos depois daquela entrevista eu já havia me matriculado na faculdade. Foi ai que minha vida mudou. Mais do que aprender o que é lead, pirâmide invertida ou como produzir uma pauta, a vida de universitário me fez enxergar o mundo de outra forma. Troquei o sonho do sucesso financeiro para ser feliz e ponto.

Junto com a faculdade, em especial o jornalismo, passei a ser independente socialmente. 
Terminei meu namoro, fiz novos amigos, e também amores, passei a ver outro lado da São Paulo em que eu vivo, agora presto muito mais atenção no mundo ao meu redor. Deixei de explorar apenas o Tatuapé e fui desbravar os cantos da cidade. Se antes eu dependia de alguém para ir aos lugares, agora vou sozinho mesmo, sem medo, pois sou jornalista e preciso correr atrás das minha matérias.  

Mas e para a profissão, o que esses dez meses de aula influenciaram profissionalmente, ora, em tudo. O jornalismo precisa ser mais do que a redação. Matérias são feitas na rua e não em redações, saber aonde ir, como se portar e com quem falar só se aprende vivendo, seja no teatro, ou em uma mesa qualquer de bar espalhada pelo centro da cidade.

Graças ao jornalismo eu tive a oportunidade de subir ao gramado do Canindé para um dia de treino, não para melhorar meu esquema de jogo, mas sim para entrevistar.  A faculdade me levou para lugares nunca antes explorados e me fez entender um pouco mais sobre a missão da carreira em que escolhi.  Carreia essa, que acaba de me presentear com o primeiro processo em minha vida, se incomodei é porque, talvez, eu tenha feito direito.

Ainda não me vejo como um repórter, muito menos apresentador, redator ou editor. Não sei nem se levo jeito para coisa, mas não vou desistir, porque no fundo, eu gosto de ser jornalista.